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Livros de verão: As escolhas de 14 figuras da política, economia, cultura e ciência

Pedro Marques Lopes
Comentador

É na altura de fazer as malas para ir de férias que percebo que não sou um otimista, mas só um tipo entre o teimoso e o desmemoriado. Eu sei que não vou ler boa parte dos livros que levo, mas quando escolho os livros acho que, pelo menos, vou ler metade. Nunca aconteceu, e já não vou para novo. Por outro lado, não garanto que sejam só estes que, de facto, vão (ainda faltam uns dias para me pôr a esturricar e não sou um moço muito decidido): Um Homem de Confiança, de Georges Simenon (que já li, mas que ponho aqui para poder dizer que o Simenon é o melhor escritor de todos os tempos); Estrada Leste-Oeste, As Origens do Genocídio e dos Crimes Contra a Humanidade, de Philippe Sands; O Reino, de Emmanuel Carrère; As Pequenas Virtudes, de Natalia Ginzburg; Integrado Marginal, Biografia de José Cardoso Pires, de Bruno Vieira Amaral; Deus Pátria Família, de Hugo Gonçalves; I’m Your Man, A Vida de Leonard Cohen, de Sylvie Simmons; Myra Breckinridge, de Gore Vidal; Incorrigível – A História Desconhecida de Carlos Rates, de primeiro secretário-geral do PCP a apoiante de Salazar, de Pedro Prostes da Fonseca; A Sonata de Kreutzer, de Lev Tolstói; O Combate com o Demónio, de Stefan Zweig; O Homem do Casaco Vermelho, de Julian Barnes; O Duelo, de Bernardo Santareno. Os Melhores Contos do Machado de Assis também vão porque o homem nunca foi à Grécia e tenho de dizer que também é o melhor escritor de todos os tempos.

Mami Pereira
Escritora

Como este verão não vou tropicalizar nas hemisférias, estou a acabar a viagem ao Trópico de Capricórnio, do nosso tio (tarado) Henry Miller. Ou ele está a acabar comigo, não sei bem. É um livro-diário-deambulação-alucinada, bom para saborear todas as palavras do dicionário, em jeito de preliminares a capítulos em que só apetece lavar as mãos a seguir. Miller fala de sexo como quem fala de bifanas, constelações, tabaco, seda e, nas entrelinhas, vibra a vida à 1930 (podia ter sido ontem à tarde). Como qualquer livro que foi proibido, é obrigatório ler.

E porque urge dar tridimensionalidade à mulher “idealizada” pelo macho literário, quero assistir à metamorfose de Orlando, a biografia escrita por Virginia Woolf, do homem que virou mulher, obra inspirada na escandalosa herdeira Vita Sackville-West. E já que estou com a mão na moça, quero espreitar a correspondência amorosa que encurtou o espaçamento entre essas duas escritoras. Estas Love Letters têm de ser lidas sem tradução para as sentirmos como as amantes-de-envelope: “I am reduced to a thing that wants Virginia. I composed a beautiful letter to you in the sleepless nightmare hours of the night, and it has all gone: I just miss you, in a quite simple desperate human way…”.

Finalmente, e porque verões há muitos mas amores nem tantos, vou ler As Grandes Cartas de Amor, compilação da editora Guerra e Paz, onde Freud, Beethoven, Florbela, Oscar Wilde, Tolstoi e Nietzsche nos mostram que, quando o coração canta, somos todos poetas (e ridículos, como dizia o Pessoa).

Mariana Vieira da Silva
Ministra de Estado e da Presidência

Nem sempre leio, nas férias, o que tinha planeado de início, os livros todos que escolhi levar comigo. Às vezes, as leituras levam a outras leituras, e como agora há instrumentos que permitem descarregar um livro em qualquer momento, posso mudar de ideias se me apetecer…

Neste ano, comprei, para as férias, O Coração É um Caçador Solitário, da Carson McCullers. No verão passado, o livro que eu mais gostei de ler foi Reflexos Num Olho Dourado, da mesma autora, e por isso apetece-me voltar à sua escrita.

Vou ler, também, a Trilogia da Cidade de K., de Agota Kristof, que foi recentemente reeditado. Transporta-nos para um cenário de guerra que, na verdade, não difere assim tanto dos tempos que temos vivido, sobretudo pelo afastamento a que nos obrigámos, pela necessária reorganização das nossas vidas que tivemos de fazer…

E há, ainda, um romance novo de um daqueles autores que faço questão de acompanhar. Quero, por isso, ler O Homem do Casaco Vermelho, de Julian Barnes. Há livros, como este, que prefiro ler na língua original, neste caso o inglês. Por isso, não me vai pesar na bagagem, vou comprá-lo através do meu Kindle. 

Júlio Resende
Pianista e compositor

Na verdade, neste verão vou fazer algumas leituras mas também muitas releituras; cada vez releio mais. Agora, estou a ler Aprender com os Melhores, de Francisco Alcaide Hernández, a partir de reflexões de várias figuras. Alguns desses “melhores” não são assim tão conhecidos, como o tio do tenista Rafael Nadal ou um cardiologista chamado Valentín Fuster. Gosto muito de entrevistas, mesmo que neste caso não estejam em discurso direto, de saber o que as pessoas pensam… Estou também a ler um livro de entrevistas a Vinicius de Moraes, um poeta que adoro. Fala da sua relação com as canções e os poemas, e do facto de não se sentir menor como poeta por ser também músico. Também sobre o lado criativo, leio um livrinho de Marcel Duchamp que comprei em Paris, Le Processus Créatif – é muito pequenino, dá muito jeito…Também gosto de ir relendo O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry, pelos seus modos bonitos de olhar para as coisas e para as pessoas…E trouxe ainda para férias uma biografia de Keith Jarrett, de Wolfgang Sandner, traduzida do alemão para o inglês pelo irmão do pianista, Chris Jarrett.

Houve uma altura em que lia bastante ficção, agora não… Interessa-me aprender a partir de várias pessoas, e vou saltando de uns livros para os outros.

Susana Peralta
Economista

Acabei de ler há dias o terceiro volume da série A Amiga Genial, de Elena Ferrante. E tinha interrompido há uns tempos a leitura do Apocalypse Bébé, de Virginie Despentes [a tradução portuguesa, Apocalypse Baby, saiu em 2011 na editora Sextante]. Estava numa altura de muito trabalho e não consegui lidar com a intensidade trash da Despentes – que é, sublinho, uma das mulheres vivas que mais admiro e das minhas escritoras preferidas. Trouxe o livro comigo para o terminar ao sol, onde a vida é mais doce, e já está quase. Intercalar Ferrante com Despentes é fascinante: histórias de mulheres, afastadas por mais de meio século e por vidas que, aparentemente, nada une – mas afinal presas ao mesmo desígnio de forjar o caminho num mundo que as condiciona e agride. Quando acabar a Despentes, e enquanto aguardo por chegar a Lisboa e pegar no quarto volume da Ferrante, vou ler Zorba o Grego, de Nikos Kazantzakis, que nunca li e comprei no outro dia numa livraria, aqui na Grécia, onde me encontro. Quando fui à Índia, também aproveitei para ler Salman Rushdie. É uma maneira fascinante de me impregnar da viagem. Os livros são uma maneira de viajar, sempre ouvi dizer!

Joana Barrios
Atriz e apresentadora

Recomendo um título que deveria ser publicado muito urgentemente em língua portuguesa: Less is More, do antropólogo Jason Hickel. É uma obra essencial para a compreensão da possibilidade que ainda temos de alterar o rumo a que as lógicas de produção e de vida que mantemos nos levam: a destruição do clima e, consequentemente, do planeta. Da minha lista faz parte, também, As Revoluções da Comida, do crítico gastronómico Rafael Tonom; é uma compilação de ensaios sobre a indústria alimentar como a conhecemos e é o livro ideal para compreendermos este tempo em que somos, coletivamente, cada vez mais exigentes com aquilo que comemos. Tonom apela à comensalidade consciente, e explica-nos a importância e o impacto das nossas escolhas. Leio, ainda, um clássico que acompanha uma época de profundas revoluções sociais e políticas na Rússia da segunda metade do século XIX, Pais e Filhos, de Iván Turguéniev, sobre o qual comecei a trabalhar há algum tempo por causa da mais recente criação de Pedro Penim, que estreará a 15 de setembro no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Djaimilia Pereira de Almeida
Escritora

Tenho andado a ler Natalia Ginzburg (Palermo, 1916). Li Foi Assim e O Caminho da Cidade (publicados em Portugal pela Cotovia, há vários anos). Este verão tenciono ler Todos os Nossos Ontens (Cotovia, 1990) e As Pequenas Virtudes, que a Relógio D’Água acaba de publicar, “um conjunto de 11 ensaios de pendor autobiográfico, impressões sobre a juventude e a idade adulta, as consequências da guerra, etc…” Há muito tempo que não me apetecia conhecer todos os livros de uma mesma escritora, mas tenho gostado tanto dos livros de Ginzburg, que tenho tentado ler tudo o que encontro. Ginzburg tem tido, também, o dom de me levar a outros autores, como Cesare Pavese, de quem foi amiga, e que ainda conheço mal.

E estou feliz por ver sair, finalmente, mesmo a tempo do verão, o solar, mas também sombrio, fotolivro de Pedro Guimarães Rato Tesoura Pistola (XYZ Books, 2021). Feito a meias com os filhos do autor, uma menina e um menino de 6 e 8 anos, o livro reproduz, também, os seus desenhos e criações; na praia, ou em passeios, pai e filhos, fotógrafo e fotografados, num álbum de verão magnífico, que convoca a brincadeira e o faz de conta de uma forma luminosa, mas enigmática.

António Araújo
Jurista e Historiador

Nem sei ainda o que vou ler em agosto, mas sei o que li e do que gostei nos últimos tempos e, por isso, me atrevo a recomendar: o livro de crónicas de Dulce Maria Cardoso, Autobiografia Não Autorizada (Tinta-da-China), que me levou a perceber que anteriores livros seus, como Eliete (com uma espantosa frase de abertura, vão ver), são mais pessoais do que julgava; outra frondosa compilação de crónicas: Zonas de Baixa Pressão (Edições 70), de António Guerreiro, alguém que sabe pensar – e escrever. Na biografia, Integrado Marginal, Biografia de José Cardoso Pires (Contraponto), de Bruno Vieira Amaral, um grande escritor visto por outro; e, mais recentemente, Vera Lagoa – Um Diabo de Saias (Oficina do Livro), de Maria João da Câmara, a descoberta de uma personalidade vulcânica, torrencial, antes e depois de Abril. Com O Colonialismo Português em África – de Livingstone a Luandino (Edições 70), Diogo Ramada Curto mostra-nos o que é um historiador sério e à séria, cuja erudição esmagadora nos leva desde a escravatura e o trabalho forçado até à violência sobre os musseques de Luanda, passando por Charles Boxer e Gilberto Freyre (essencial para desfazer mitos sobre o “pai do lusotropicalismo”). Para o presente, nem sempre animador, A Era do Capitalismo da Vigilância (Relógio d’Água), de Shoshana Zuboff, alerta-nos para os perigos das redes sociais, e não só; perigos confirmados por outro livro impressivo, A Arma Perfeita, Guerra, Sabotagem e Medo na Era da Ciberguerra (Casa das Letras), que deu um documentário da HBO, The Perfect Weapon – pelo que não há motivo para ignorar o seríssimo aviso desta obra de David Sanger, jornalista do New York Times especializado em questões de segurança. Agora que é arriscado cruzar o Atlântico, destaco, ainda, a oportuna reedição de Vai, Brasil pela Caminho, onde Alexandra Lucas Coelho faz mostra da sua argúcia no olhar e do seu talento para a escrita. Muito para ler, portanto. E, estando em agosto, mesmo num verão pandémico que até parece um outono, não há desculpas nem álibis para procrastinar – nem as férias nem a leitura.

André Carrilho
Ilustrador e cartoonista

A Abolição do Trabalho, por Bruno Borges, uma adaptação para banda desenhada do texto de Bob Black. Este é provavelmente o meu álbum de BD preferido dos últimos tempos, tanto que, quando acabar de lê-lo, vou emprestá-lo à minha mãe, que nunca lê BD. É um ensaio, um texto político, um manifesto, é uma diversão pegada e um posicionamento filosófico. É, também, uma lúcida provocação e uma lição de desenho minimalista.

As Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt. Ando a ver se acabo de ler este, para ver se finalmente compreendo a espécie humana e as claques de futebol. O problema é que me apetece sublinhar todas as frases, o que torna a leitura algo morosa. Depois, quero memorizar tudo, e revela-se algo impossível. É um livro indispensável e muito frustrante.

Walt Disney’s Mickey Mouse, The Ultimate Story (editado pela Taschen). Este também é sobre a origem do totalitarismo, mas fofinho. É, acima de tudo, sobre aquela que é provavelmente a personagem de animação mais importante da história humana, e sobre como a mais ubíqua marca empresarial nasceu de um poço quase inesgotável de criatividade genial.

Monsters, de Barry Windsor-Smith. A Imprensa especializada diz que este livro de BD demorou 35 anos a fazer, e eu pedi-o à minha mulher pelos meus anos. Ela deu-mo, é um calhamaço, e agora vou lê-lo. Não me contem o fim, por favor. Se quiserem, depois digo o que acontece.

Mulheres Invisíveis, de Caroline Criado Perez. Por falar na minha mulher, ela diz que eu tenho de ler tudo da Elena Ferrante. Lá terá de ser. E também tenho de ler este livro, sobre como o mundo está insidiosamente feito por e para homens, focando coisas como o design de equipamento, urbanismo e leis laborais. Só ainda não o fiz porque me esqueço das recomendações que ela me faz.

Sandro William Junqueira
Escritor

Sinto que a minha biblioteca é cada vez mais reduzida. Leio coisas novas, mas não tanto como lia antes. Agora, volto muitas vezes a livros que me marcaram. Se não me esqueci deles, é porque vale a pena regressar lá. É esse o caso da Trilogia da Cidade K., de Agota Kristof, que releio agora. É duma grande brutalidade e violência, mas reconhecemos ali os seres humanos, tal como são. Agrada-me muito a sua escrita: muito seca, polida, no osso.

Também se encontra esse estilo num dos meus escritores favoritos: J.M. Coetzee. Pode-se dizer que não gosto de autores que andam a dourar a pílula nas suas páginas, a praticar ginástica rítmica no papel; prefiro os que escrevem só o necessário. A leitura de Desgraça marcou-me profundamente. Sempre que sai alguma coisa dele, ou sobre ele, estou atento… Agora vou ler A Morte de Jesus, volume final duma trilogia de Coetzee sobre um miúdo, uma história que não sabemos bem onde se passa… Mas é um livro cheio de verdade. Consigo emocionar-me com Coetzee.

Já nestas férias, no Gerês, li Manhã e Noite, do norueguês Jon Fosse, uma pequena novela, maravilhosa, tão bem escrita. Gosto muito de literatura escandinava.

Graça Morais
Artista Plástica

Depois de uma viagem de cinco horas e meia, e antes de descansar, partilho a minha lista de livros de leitura prioritária para os tempos livres, agora que cheguei à Pousada de São Bartolomeu, em Bragança, onde há silêncio e conforto. Nesta semana, vai ser inaugurada a minha exposição Inquietações, onde apresento 52 pinturas e desenhos, todos inéditos. Penso que estes livros vão ajudar-me a compreender melhor as minhas pinturas e a maneira como vivo este nosso mundo: Caos e Ritmo, de José Gil; Penser Global: L’Humain et Son Univers, de Edgar Morin; Intelligence dans la Nature: En Quête du Savoir, de Jeremy Narby; e Quand les Peintres Lisaient la Bible: L’Exégèse des Peintres à la Renaissance, de Pierre Gibert.

Carlos Fiolhais
Físico

Como o tempo abunda e o cérebro se pode concentrar, não penso que este seja tempo para livros light. Levo para férias, como costumo, uma sacada de livros recentes de vários géneros. Literatura portuguesa: Autobiografia Não Autorizada, de Dulce Maria Cardoso e O País do Solidó de J. Rentes de Carvalho, ambos coleções de crónicas. Poesia portuguesa: Sétimo Dia, de Daniel Faria e Cães de Chuva, de Daniel Jonas. Literatura estrangeira: O Belo Verão, de Cesare Pavese, um clássico moderno, e Exalação, de Ted Chiang, contos de ficção científica. Ensaios portugueses: Ver É Ser Visto, de Eduardo Lourenço, o melhor do grande pensador português, e Integrado Marginal, de Bruno Vieira Amaral, a biografia de José Cardoso Pires. E ensaio estrangeiro: Vida, a Grande História, uma visão do Homo Sapiens pelo conhecido arqueólogo espanhol Juan Luis Arsuaga, e Humanidade, Uma História de Esperança, de Rutger Bregman, uma análise da Humanidade por um historiador holandês.

Paulo Moita de Macedo
Presidente da Caixa Geral de Depósitos

Ler nas férias tem um gosto especial. Os livros ganham uma densidade que nós não conseguimos sentir quando estamos emaranhados no dia a dia das preocupações profissionais e familiares. Durante o ano, ler um livro é um ato de insubordinação contra a rotina. Nas férias, não. Deixamo-nos ir através das histórias, dos locais, da narrativa e, por vezes, conseguimos transportar-nos para o que nos é contado. Enfim, é muito mais do que uma companhia. O livro de João Céu e Silva Uma Longa Viagem com Vasco Pulido Valente nasce de um conjunto alargado de entrevistas que o autor fazia às segundas-feiras a um Vasco Pulido Valente já muito consciente de que o tempo de que dispomos é sempre curto. Este livro é muito mais do que um testemunho de vida, é uma viagem no tempo. Uma longa viagem de reflexões sobre a História de Portugal, desde as Invasões Francesas até quase aos dias de hoje. Vasco Pulido Valente foi um historiador que pensava e vivia os tempos contemporâneos com uma perspetiva retroativa. Só assim conseguia compreender e sentir o País. A certa altura do livro, ele afirma: “A realidade é sempre forte para se escrever sobre ela. Nós é que nem sempre estamos suficientemente atentos ou somos suficientemente inteligentes para saber sobre o que se deve escrever. Está tudo no saber ver.” Ora, o saber ver não nasce connosco. É algo que vamos aprendendo com o decurso da vida. A vida de Vasco Pulido Valente foi frutuosa em conhecimento, porque não esteve só a observá-la. Foi um protagonista a tempo inteiro da História, sendo cimeiro no seu desassombro e sobressalto que visava. Este é um livro que se lê demasiado depressa. Ficamos com vontade de estar mais tempo na companhia dele.

Márcia
Cantora e compositora

Quero recomendar dois livros favoritos dos que li nos últimos meses. Uma Educação, de Tara Westover, é altamente transformador. É um livro que não se quer largar porque nos envolve em situações complicadas e nos leva a sítios emocionais onde, creio, todos conseguiremos encontrar algum espelho, seja em alguma situação ou em algum sentimento. Esta história verdadeira sobre a determinação de uma miúda que não teve acesso à educação até aos seus 17 anos é digna de um enorme aplauso; Tara – que tem acumulado vários prémios de reconhecimento por esta sua autobiografia – era uma jovem que nasceu num contexto familiar nocivo e isolado do resto do mundo e conseguiu afirmar-se como ensaísta e investigadora, chegando a ser professora convidada na Universidade de Harvard. É muito inspirador. 

Outro livro que recomendo é Paz Traz Paz, de Afonso Cruz, um livro de poesia, delicioso. Logo no título, está uma mensagem essencial. Lá dentro, a leveza do pensamento livre e aparentemente simples, como os pensamentos da infância. Conheci este e outros livros na página de Instagram O Poema Ensina a Cair, muito útil para quem quiser conhecer mais e mais poesia.

De momento, terminei o Crime e Castigo, de Dostoievski, e estou a ler Da Meia-Noite às Seis, de Patrícia Reis, do qual estou a gostar muito. Em paralelo, vou consultando Poesia de Daniel Faria.

Depoimentos recolhidos por Pedro Dias de Almeida, Sílvia Souto Cunha e Tiago Freire

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